Ao avalizar tão ricas e belíssimas páginas desta obra ímpar, minha primeira sensação vem do fato de perceber esta produção como profundamente vinculada a uma prática acadêmica, embora o autor não
o seja, oriunda de um zeloso processo de construção coletiva do conhecimento; a segunda impressão é a sensação da abertura do horizonte pela diversidade de contribuições na marca de uma narrativa, não somente preocupada com a historiografia local, mas também regional e nacional, que nos mostram que os Fatos Administrativos e Políticos de Guaçuí podem e devem ser herdados pela cultura social e política da nação na qual está inserida.
Não se trata aqui de um conhecimento feito, acabado, compendiado, auto poético, mas de produção literária eivada de tão ricas elucubrações que nos coloca tão próximos de um passado, que nos proporciona a impressão de estar tão longe e, ao mesmo tempo, tão próximos. Tem-se ainda, a impressão de que a referida obra se revaloriza como um laboratório, um lugar de labor e de interações produtivas de um novo conhecimento e de um novo saber, pois cada linha, cada parágrafo e
cada capítulo tem sua vinculação a alguma realidade, que nos retrata a veracidade histórica de produção. Em outras palavras, é como se o autor procurasse destacar o quotidiano, o vivido e vivenciado na realidade de um vilarejo – quiçá um lugarejo – ou um lugar no qual nasceu a Pérola do Caparaó, mas tudo isto refletido e tão elaborado de maneira rica, despretensiosa e criteriosa.