Quando recebemos o desafio do Sr. Jônice Tristão para escrevermos sobre a memória administrativa, política e cultural de Afonso Cláudio, não imaginávamos as dificuldades que encontraríamos para fazer as pesquisas.
Só não chegou a ser nenhuma surpresa porque, na maioria das pesquisas que já realizamos sobre o mesmo assunto, a constatação foi sempre a mesma: os dados já não existem mais! Entretanto, não imaginávamos que no caso específico de Afonso Cláudio fosse tão drástico. O município foi criado em 1891, e nos seus principais arquivos públicos, a constatação foi de assustar, pois no da Prefeitura Municipal só há dados completos a partir de 1986. Só encontramos decretos a partir de 1930, portarias de 1941 e leis de 1957 em diante. No da Câmara Municipal a partir de 1948. Anteriormente a essas datas, há poucos dados, aqui e acolá, esporádicos e incompletos.
A solução foi realizarmos pesquisas no APEES Arquivo Público do Estado do Espírito Santo a partir de 1891, onde encontramos algumas referências sobre a administração. Outra fonte de pesquisa foram jornais antigos como O ALTO GUANDÚ, O AFFONSO CLÁUDIO e CORREIO DO CENTRO, todos de propriedade do Sr. Sebastião Fafá, com numerações incompletas e, em alguns casos, de difícil leitura dado o estado de conservação. Os jornais criados foram de lideranças políticas, conseqüentemente, não trazendo informações dos adversários e quase nenhuma ilustração fotográfica, que acabou sendo também um dos obstáculos da pesquisa.
Em 20 de março de 1918, a Lei nº 58 autorizava o Sr. Prefeito José Giestas a contratar, com profissional competente, um álbum contendo vistas de importância, tanto da cidade como dos distritos, além de conter informações sobre o desenvolvimento comercial, industrial e agrícola do município [...]. Este trabalho desapareceu.
Esta publicação pretende rememorar os principais feitos históricos do município, através do culto e veneração às causas e os vultos do passado, assim como procurar resgatar o respeito à tradição e à história de todos aqueles que foram responsáveis pelo progresso desse torrão capixaba. As citações feitas por época estão sendo publicadas entre aspas, conforme escritas nos originais. Não pretendemos ser escritor e nem temos formação para tal. Portanto, não se usou de rebuçosII, nem ataviosIII literários para a recuperação desta história.
Estaremos, com esta publicação, contribuindo com mais uma parte dessa memória perdida, com o desaparecimento natural das pessoas e de boa parte dos arquivos públicos. Outros trabalhos irão complementando essa história, com certeza.